Acontece
Como se alimentam as crianças da AACD
por Comendo com os Olhos
Para quem ainda não sabe, o Comendo com os Olhos foi convidado para participar da Bancada Online do Teleton 2014. Há 17 anos, o SBT transmite uma maratona televisiva que busca conscientizar a população a respeito das possibilidades de um deficiente físico, gerando grande mobilização social, tornando-se uma das principais ferramentas de captação de recursos.
Ao recebermos este convite honroso que visa angariar doações para a AACD – Associação de Assistência à Criança Deficiente – decidimos ir além de fazer apenas campanhas para arrecadar fundos, e iniciamos um processo de conhecimento na área de alimentação da maior referência em tratamento e reabilitação de pessoas com deficiência física do Brasil.
A AACD tem como objetivo prevenir, tratar, educar, reabilitar e proporcionar qualidade de vida aos pacientes por meio da integração social. Um dos principais meios para que estas pessoas tenham resultados positivos, é a alimentação.
Com mais de 6400 atendimentos diários em todas as unidades da AACD (ao todo são 15 instituições espalhadas pelo país), há diversos casos específicos e especiais de alimentação. Em nossa visita, o que descobrimos é que, mesmo com deficiências físicas, muitas destas pessoas alimentam-se normalmente, mas, infelizmente, há situações extremamente radicais, como o uso da sonda – quando a boca deixa de ser o principal órgão que alimenta o corpo.
Abaixo deste tipo de alimentação, que também exige total cuidado e atenção, está a alimentação pastosa, seguida da pastosa heterogênea.
Para entrarmos no mundo responsável por alimentar a vida destas pessoas, conversamos com a fonoaudióloga Andréa Nogueira e com a nutricionista Claudia Oliveira. Elas nos mostraram uma caixinha de surpresas bastante distante da realidade de quem não tem por perto pessoas que necessitam de cuidados especiais.
O papel de Andréa, fonoaudióloga, é identificar, através da disfagia – dificuldade de deglutição, sintoma comum em diversos tipos de deficiência – qual a alimentação mais segura para cada caso. Junto com a nutricionista Claudia e com os pacientes, ela realiza testes em seções para chegarem à consistência, proporção e quantidade perfeita para alimentar diferentes tipos de condições.
O caso que mais exige atenção dos responsáveis é a alimentação pastosa. Devido às alterações e funções corporais desorganizadas de alguns casos de deficiência física, este tipo de refeição tem que ter a consistência e a composição correta para que o paciente receba a bateria de nutrientes necessários no dia a dia.
Além da dieta balanceada, dentro dos cuidados da preparação das refeições está um item bastante importante para que a alimentação pastosa tenha a textura ideal: o espessante – uma substância capaz de aumentar a viscosidade de soluções melhorando a consistência dos alimentos processados.
Quando perguntado o grau de importância deste elemento na preparação dos alimentos dos casos específicos, Andréa e Claudia nos disseram que o espessante é o principal item da dieta por ter o poder de conceder a consistência exata e homogênea para as refeições, respeitando o grau de dificuldade de cada condição específica.
Para vocês terem uma ideia, a consequência da textura incorreta dos alimentos pode causar engasgos, acarretar paradas respiratórias, quantidade elevada de líquido no pulmão, e, com isso, paralisia de membros, uso de sonda, traqueostomia, e até a morte.
O vídeo abaixo mostra a consequência da ingestão incorreta da textura de alimentos sem espessantes. Assista:
Outro item importante é o suplemento alimentar – preparações destinadas a complementar a dieta e fornecer nutrientes como vitaminas, minerais, fibras, ácido graxos ou aminoácidos.
Em todas as unidades da AACD, a grande maioria dos atendimentos é feita a pessoas de baixa renda. Uma mãe, por exemplo, que se dedica integralmente a cuidar de seu filho, recebe do governo uma renda mensal simbólica (salário mínimo). De acordo com a fonoaudióloga e com a nutricionista, pessoas que necessitam de toda esta atenção com a alimentação, gastariam, em média, cerca de R$ 300 por mês, um valor altíssimo que seria destinado apenas a esta necessidade.
Se imaginarmos que a oportunidade que ela tem de ampliar sua renda mensal é limitada, este valor acaba sendo pequeno e o item mais importante da alimentação, o espessante, fica para último plano sendo, normalmente, substituído por gelatina ou maisena que tem efeitos similares.
Aqui é que entra o papel de chefs de cozinha de Andréa e Claudia: elas ensinam, passo a passo, a forma correta da preparação dos alimentos. A instrução vai desde a indicação dos alimentos que são permitidos, o procedimento do preparo, a quantidade e textura exatas, até os horários e cuidados especiais.
Todas as informações são passadas para o responsável verbalmente durante a consulta. E a única forma que as profissionais tem de avaliar se o paciente está sendo alimentado da forma correta, é se, no dia da consulta, o responsável estiver levando com ele uma refeição preparada.
Na AACD, a maioria dos atendimentos é realizada às pessoas de baixa ou nenhuma renda, que quase nunca tem a oportunidade de comprar todos os alimentos necessários para compor a dieta.
Um exemplo simples: a criança ou o adulto precisa tomar suco de laranja a cada refeição. No entanto, comprar uma dúzia de laranja por dia custa, em média, R$ 5 em São Paulo, enquanto um suco em pó Tang, que rende a mesma quantidade, sai por R$ 0,80.
O fator econômico pesa na escolha, mas acaba-se deixando de lado a questão nutricional. Um suco em pó industrializado não oferece nenhum benefício. Por essas e outras razões, considerando a questão financeira, o paciente acaba, muitas vezes, se alimentando mal e necessita de suplementos vitamínicos. Mais uma vez, tais suplementos não cabem no orçamento da família.
Como associação filantrópica, a AACD não tem como arcar com esses gastos e oferecer aos pacientes os espessantes, os suplementos ou mesmo os alimentos necessários para permitir que seus pacientes tenham uma alimentação, no mínimo, adequada.
E nos casos de famílias extremamente carentes, o que não é raro por lá, todo o trabalho desenvolvido pela fonoaudióloga e nutricionista acaba sendo insuficiente, uma vez que não é possível proporcionar ao paciente a alimentação correta para seu quadro clínico.
Quando entendemos de verdade a gravidade da consequência de uma alimentação inadequada, perguntamos a Andréa e a Claudia qual seria a solução mais apropriada para que os responsáveis compreendam, com mais propriedade, todas as informações e a importância do preparo correto das refeições.
Sem titubear, a resposta saiu da boca das duas ao mesmo tempo: uma oficina – uma cozinha equipada e preparada para que fosse aplicada todas as formas dinâmicas de se aprender, com afinco, o preparo dos alimentos, armazenamento, textura, consistência, receitas com equilíbrio de nutrientes, as alternativas ideais ao uso do espessante, etc.
O espaço funcionaria como um laboratório, onde os resultados de aprendizado pudessem ser vistos instantaneamente, contribuindo assim, com a evolução alimentar positiva dos pacientes e mais facilidade dos responsáveis em alimentar seus filhos.
Ter a oportunidade da AACD ter uma cozinha laboratório onde fosse aplicadas oficinas de alimentação nutricional à todos, é o grande sonho de Andréa e Claudia. As possibilidades não estão descartadas, porque os sonhos provêm de acreditar e visualizar a possibilidade todos os dias.
Enquanto os ingredientes do bolo tomam forma para tornar-se realidade, nós temos diversas alternativas deliciosas para contribuir com o maior e mais importante ato da vida: comer.
A AACD é uma instituição filantrópica e depende de doações para atender todas as unidades e continuar evoluindo como referência nacional em tratamento e reabilitação de pessoas com deficiência física.
Se você sentir que faz parte deste universo onde o amor movimenta, você pode contribuir de diversas formas: desde contribuições financeiras até doações de produtos, brinquedos, roupas, calçados e etc.
Para o setor de alimentação, você pode doar suplementos alimentares, espessante ou cestas básicas às famílias atendidas pela associação ou ainda mobilizar supermercados, empresas farmacêuticas e/ou empresários que devem estar, de fato, interessados em contribuir com esta causa humana.
Para saber as informações de como a AACD recebe estas doações, ligue para 0800-771.78.78. O horário de atendimento é das 7h00 às 19h00.
Ou então, se preferir contribuir financeiramente, a campanha já começou e você pode doar à partir de R$ 5. Cada valor, cada iniciativa, cada ato de ceder para o próximo é bem vindo, faz bem e contribui para o crescimento e entendimento que somos todos um só e fazemos parte da unidade humana.
Doe e participe desta corrente solidária em prol da AACD, o maior centro de referência em reabilitação e inserção social de crianças, adolescentes e adultos portadores de deficiência física.
Seu gesto movimenta e alimenta muitas vidas. Afinal, vida é movimento e o alimento é o movimento da vida.
#SomosTodosTeleton #SbtDoBem #AlimenteEstaIdeia
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