
Arte e Expressão
Desvendando mistérios da obra “O Jardim das Delícias Terrenas”
por Valéria Scavone
A obra “O Jardim das Delícias Terrenas”, de Hieronymus Bosch, continua a intrigar estudiosos, artistas e curiosos séculos após sua criação.
Uma das pinturas mais enigmáticas da história da arte agora pode ser explorada com profundidade por meio de um vídeo educativo da Smarthistory.

Hieronymus Bosch, “O Jardim das Delícias Terrenas” (1490-1510), óleo sobre painéis de carvalho, 81 x 152 polegadas. Imagem cortesia do Museo del Prado, Madri
Neste artigo, vamos explorar os principais mistérios do famoso tríptico, guiados pelas análises dos historiadores da arte Dr. Beth Harris e Dr. Steven Zucker, da plataforma Smarthistory.
Um mergulho no surrealismo de Bosch em: O Jardim das Delícias Terrenas
A obra, criada por volta do século XVI, desafia qualquer leitura simples.
Composta por três painéis — um central e dois laterais que se fecham como portas —, a pintura apresenta uma jornada visual que vai do Paraíso ao Inferno, passando por um mundo surreal repleto de frutas gigantes, fontes de formas estranhas e criaturas híbridas.
Com narração da Dra. Beth Harris e do Dr. Steven Zucker, o vídeo da Smarthistory guia o espectador por esse universo, explicando como a obra de Bosch rompe com as expectativas tradicionais da arte cristã da Renascença.
O que significa O Jardim das Delícias Terrenas?
Apesar de visualmente envolvente, o significado da obra permanece envolto em mistério.
Algumas teorias sugerem que Bosch imaginou uma realidade alternativa, onde Adão e Eva nunca comeram o fruto proibido e povoaram a Terra em estado de inocência.
Essa hipótese lança uma nova luz sobre o painel central, onde dezenas de figuras nuas interagem livremente, sem vergonha ou culpa.
No entanto, a presença de elementos simbólicos, como duas grandes corujas (associadas ao mal) e estruturas instáveis, como o famoso “homem-árvore”, indicam que nem tudo é tão harmonioso quanto parece.
Um símbolo para cada canto do quadro
Ao fechar os painéis da obra “O Jardim das Delícias Terrenas“, revela-se uma pintura em grisalha (tons de cinza), retratando a Terra antes da Criação.
Deus aparece no canto superior esquerdo, pronto para transformar aquele mundo sem vida. Citações bíblicas dos Salmos 33 e 148 reforçam o contexto espiritual da cena.
No painel esquerdo, vemos a apresentação de Eva a Adão por um Deus jovem. No centro, o mundo “idealizado” pós-Eden — repleto de prazeres sensoriais. À direita, um inferno caótico, sombrio e repleto de punições visuais.
O homem-árvore e o olhar que mudou tudo
Entre os elementos mais comentados da pintura, destaca-se o “homem-árvore” — uma figura gigante com pernas em forma de galhos, pés substituídos por barcos frágeis e um corpo instável, que carrega outras figuras humanas.
Segundo a análise de Harris e Zucker, o homem-árvore parece olhar para trás, em direção a Adão e Eva. Mais precisamente, para o olhar lascivo de Adão ao conhecer Eva.
Para os estudiosos, esse simples olhar bastaria para desencadear toda a queda da humanidade — sem necessidade de maçã ou serpente.
Arte, análise e acessibilidade: o papel da Smarthistory
A Smarthistory é uma organização sem fins lucrativos dedicada a democratizar o conhecimento em história da arte. Por meio de vídeos, ensaios e conversas com especialistas, o projeto oferece conteúdo gratuito, acessível e com rigor acadêmico.
Neste vídeo, a obra-prima de Bosch ganha novas camadas de interpretação. Detalhes que poderiam passar despercebidos são analisados com profundidade, aproximando o público geral da complexidade da arte renascentista.
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