Arte e Expressão
Kandinsky no prato estimula mais prazer ao comer
por Valéria Scavone
O doodle do Google de hoje é em comemoração ao 148º aniversário de Wassily Kandinsky, artista russo, professor de Bauhaus e introdutor da abstração no campo das artes visuais. Em 1910, Kandinsky desenvolveu seus primeiros estudos não figurativos, tornando-se o primeiro pintor ocidental a produzir uma tela abstrata.
[FONTE: Wikipedia]
Fazendo uma pesquisa, me deparei com artigos que mostram uma experiência onde um prato de salada inspirado em uma tela de Kandisnky teve maior aceitação de sabores quando colocada à prova em um grupo de degustadores.
Para valer a máxima do nosso site, iniciamos dizendo que, primeiramente, comemos com os olhos. Se um morango está vermelhinho, podemos concluir que está doce e saboroso. Se um frango tem pigmentos escuros, entendemos que não está bom para o consumo. Os romanos antigos entendiam isso e, atualmente, os chefs utilizam-se deste artefato para levar os pratos à mesa.
Algumas práticas são étnicas, outras modernas. Em cada país, cada comunidade, cada tribo, a preparação dos pratos se distingue na montagem. No Japão, por exemplo, a disposição da comida com mínimos detalhes faz parte da cultura milenar.
O ato de fazer comer com os olhos antes de levar o alimento à boca, fez com que alguns psicólogos experimentais da Universidade de Oxford realizassem uma pesquisa a fim de analisar qual o impacto que um prato de salada disposto como uma pintura abstrata teria para um total de 60 pessoas.
Para o primeiro grupo, foi oferecido uma salada disposta como uma pintura de Kandinsky. Outro grupo recebeu uma salada de brócolis, fatias de cogumelo Portobello e ervilhas enfileiradas. Para o terceiro e último grupo, foi ofertada um montinho de salada centralizado no meio do prato. Todos os três pratos foram compostos com os mesmo ingredientes.
Entre os três pratos, o que foi classificado como o melhor, foi a salada abstrata inspirada na arte de Kandinsky. O resultado da pesquisa foi de suma importância para os donos de restaurantes porque, além de descobrirem a melhor aceitação do público quanto à disposição dos ingredientes no prato, eles souberam que os comensais ali presentes, também estavam disponíveis para pagar até o dobro do valor.
Charles Michel, chef residente no Oxford Crossmodal Research Lab e principal autor do estudo, diz que escolheu a obra de Kandinsky, pela associação específica de cores e movimento. Sua mente de chef visualizou no canto superior esquerdo, o formato de um cogumelo e, assim, o experimento tomou forma.
“Não é tanto sobre a cópia de uma obra de arte e a disposição dos alimentos , e sim, utilizar como inspiração artística, ou, simplesmente, ter uma sensibilidade ao montar pratos – como a maioria dos chefs hoje em dia faz”, diz Charles.
O mais interessante, é que os comensais não foram avisados que o prato de Kandinsky foi projetado para parecer uma pintura. Ainda assim, o experimento mostra que os clientes, intuitivamente, atribuem um valor artístico para a comida, considerando, assim, mais complexo e, consequentemente, apreciam mais quando apresentada desta forma.
Em resumo, a pesquisa diz que “implicitamente, a disposição dos alimentos no prato sugeriu uma conotação de maior valor pela apresentação visual. Valor, este, que pode ter ajudado a entregar uma experiência comestível mais prazerosa”.
O estudo “Taste of Kandinsky” foi publicado em junho deste ano originalmente no Flavour.
[Crédito das imagens: Google e Flavour]
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