Apimentadas
l´Entrecôte d´Olivier: quando menos é menos mesmo!
por Valéria Scavone
Vamos ao l´Entrecôte d´Olivier, o restaurante do Olivier?
Como que é o restaurante do Olivier?
É um único prato: carne com batatas fritas.
Só tem um prato no cardápio, é isso?
Sim. Você só escolhe o ponto da carne e a batata frita é à vontade.
Nossa, rs! Batata frita à vontade…
Vamos?
Carne e batata frita. Faz muuuuito tempo que não como esse combo. Vamos lá, vai. Quero saber qual que é desse restaurante do Olivier.
Ainda não tinha entrado no site, nem fanpage do restaurante e nem lido nenhuma crítica sobre. Fui às cegas e, ao chegar no l´Entrecôte d´Olivier e visualizar o lugar de fora, vi que era enorme. Por ser francês, imaginei que seria um ambiente intimista. Mas não. E estava bem vazio.
– Nossa, que vazio! Por que será? Tá tudo tão cheio hoje…
– Ah, é o horário. São 20h00.
– Hm… (Não, não é o horário. O quê será? Tão grande, deve acomodar sim este número de pessoas. Mas por que tá tão vazio?)
Ao entrar, fomos recebidos por um garçom que deu um boa noite super alto:
– OLÁ, BOA NOITE GENTEEE! SEJAM BEM VINDOS! DOIS LUGARES?
– Olá, boa noite. Sim, 2 lugares.
– DOIS LUGARES ENTÃO (clap – bateu uma palma), POR AQUI.
Eu não sei dizer quantas mesas exatamente tem neste restaurante, mas deve acomodar umas 150 pessoas, fácil. Ou mais. E o garçom nos levou à mesa com a opção de sentarmos no sofá e trouxe o cardápio.
– Carta de vinhos?
– Sim, por favor.
– Aqui está. Uma água com gás para acompanhar o vinho?
– Só um minutinho, ainda vou olhar a carta, obrigada.
– Fique à vontade.
Como ia tomar o vinho sozinha, escolhi uma garrafa pequena do Beaujolais Village. Nunca tinha tomado. Achei bem gostosinho!
– O ponto da carne?
– …
– (Bate palminha) Já conhecem o conceito da casa?
– Não, ainda não.
– Bom, nós servimos um único prato: um filé ao ponto da casa, que é meio rosado, sem sangue com molho secreto e batatas fritas. Vocês podem optar por um ponto acima ou abaixo, ou dois pontos acima ou dois abaixo.
– Certo. Eu quero um ponto acima, por favor.
Eu ainda não tinha ido em nenhum restaurante que serve-se apenas um prato. Achei bastante ousado e fiquei na expectativa para sentir o sabor único da refeição principal.
Enquanto isso, uma música bastante agradável tocava no restaurante e eu observava tudo ao redor. Continuava vazio e eu me sentia um pouco no espaço de um avião.
Mesmo sendo enorme, as mesas foram dispostas muito grudadinhas uma na outra. Para passar de ladinho. Estranho. (É francês mesmo esta lanchonete? Ops, restaurante?)
E chega nosso couvert: pão e manteiga. Apenas. Os dois pães do tamanho de um pão de batata e servidos com manteiguinhas em tabletes e só.
Legal.
Dois casais finalmente chegam ao restaurante. (Ó!) E para minha surpresa, eles foram acomodados na mesa ao ladíssimo da nossa – grudados! Aí já pensei: legal o conceito de acomodação dos caras. Vai grudando um no outro e as últimas mesas só são utilizadas à medida que o restaurante vai enchendo.
Claro que perdemos toda a intimidade de um jantar e acabamos participando da conversa alheia ao longo da noite. Estávamos grudados! Por que, gente, um Olivier Anquier tráz um conceito de avião para um restaurante enorme desse? Dá mais espaço, mais intimidade, mais liberdade…
O som estava ótimo! Era o que desviava da conversa paralela. E o vinho também. Tim-tim!
E chega nossa salada: folhas verdes temperadas com molho especial à base de mostarda e nozes picadas. Uma delícia e super bem servida.
Logo em seguida, veio o tão esperado prato único, único prato da casa: contra-filé em tiras, servido com molho secreto e batatas fritas cortadas no tamanho perfeito. Estava com água na boca para experimentar o sabor da carne com o tal molho secreto. O cheiro estava muito bom!
Ao cortar a carne, já senti uma certa dificuldade: a faca não trabalhou com facilidade. Tive que ir e vir mais vezes que o normal. Coloquei na boca e…
Hm… Tá durinha essa carne.
Pera, como assim? Acho que peguei esta da pontinha, mais fritinha. Deixa eu cortar uma tira aqui do meio, este molho tá uma delícia! Hmm, não, nossa… tá dura esta carne. Será que foi o ponto acima que eu pedi?
Não, calma. Como que eu posso correr o risco de pedir um ponto acima e chegar à minha mesa uma carne dura? Não faz sentido. Se é o único prato da casa, o restaurante tem, até por não terem outra opção, a obrigação de servirem a melhor e o melhor corte de carne.
Deixa eu ver este outro pedacinho aqui. Un-hum. Não. Tá dura mesmo! Caramba! Que coisa! Não, nem vou reclamar. Deixa pra lá. Vou pras batatinhas com pimenta que estão deliciosas. Crocantes do jeito que eu adoro.
– A senhora gostaria de mais um pouco de molho secreto?
– Não, muito obrigada. Na verdade eu achei que a carne está durinha.
– Dura?
– Sim. Não sei se foi o ponto acima que eu pedi…
– Não, não. Com licença, posso retirar e trazer outro para a senhora?
– Humm, sim, por favor, mas pode ser só a metade deste, ok?
– Claro, com licença.
– Muito obrigada!
Este foi o momento do garçom que, apesar dos pesares, fez eu achar que o lugar não era tããão ruim assim. Pelo menos teria a oportunidade de experimentar, novamente, o único prato da casa.
Chegou depois de uns 10 minutinhos. Estava melhor sim. Menos dura e ao ponto da casa, mas não estava nem perto de ser uma carne macia, saborosa por si só e prazerosa de comer.
O molho é quem dá o toque na carne. Só. Infelizmente, o l´Entrecôte d´Olivier não mostrou excelência no corte da carne do seu único prato. Que tristeza! Setenta e oito pila o único pato da casa servido sem excelência…
Vamos pra sobremesa então, pelamordedeus, rs! Quero comer algo gostosoooo!
– Um Duetto de Tiramissú, por favor.
– Eu quero um Creme Brulèe.
O Duetto de Tiramissú é uma criação do restaurante com metade da sobremesa com o clássico tiramissú e a outra metade, a versão moderna de Olivier.
As duas sobremesas estavam gostosas, mas quando a gente tem uma experiência frustrante na qualidade da comida, a gente acha pelo em ovo. Às vezes, até sem querer.
E foi o que aconteceu quando estava fotografando meu Duetto de Tiramissú. Ao dar um close na versão moderna do doce, um pelo, provavelmente de qualquer coisa, menos de algum ingrediente especial, no meio da sobremesa…
Okok, não é nojentinho, mas gente… Por favor!
– Café?
– Não, não, muito obrigada. A continha, por favor.
Depois de fazer a conta do quanto já tínhamos investido para ter uma experiência incrível e o que tivemos em troca foi só decepção, preferimos tomar o cafezinho na padoca da esquina. E valeu cada centavo, tava uma delícia!
Quando cheguei em casa, fui pesquisar na internet as críticas sobre o l´Entrecôte d´Olivier e acabei indo direto pro site do restaurante. Rs! Se tivesse feito o caminho contrário, teria negado o convite na hora! Além de uma apresentação bem brega do site, a landing page é em comic sans.
Fim.
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