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Mangia che ti fa bene: Itália enfrenta crise no setor alimentício
por Adele Grandis
A Itália já não é mais a terra da boa comida, de acordo com levantamento apresentado na última edição do Salone del Gusto-Terra Madre – congresso mundial de debate sobre o slow food, movimento que defendem o alimento bom, limpo e justo: são cozinheiros,jovens, ativistas, agricultores, pescadores, especialistas e acadêmicos, em mais de 150 países.
Na ocasião, Marco Pedroni, presidente da Coop Italia, cooperativa de estratégias de marketing e comunicação, declarou que as pessoas não priorizam mais a qualidade dos alimentos, e sim o preço, na hora de fazer suas compras. A principal razão dessa mudança comportamental é a longa crise econômica enfrentada pela União Europeia.
Para satisfazer os três requisitos da slow food: comida de boa, de qualidade e saborosa, não tem como viabilizar muitos descontos de preço, uma vez que o sistema prioriza alimentos de agricultura local e cultivados com cuidados especiais.
“Até 2012, os consumidores se atentavam aos preços, mas também consideravam a oferta do serviço e priorizavam pela qualidade dos alimentos. Nos últimos dois anos, houve uma inversão de papeis e o valor do produto é o que mais se leva em conta”, declarou Pedroni.
Com a crise, a agricultura italiana enfrenta problemas de pirataria de alimentos – marcas e cultivadores que alegam oferecer alimentos de qualidade em suas etiquetas, mas que têm procedência duvidosa.
Desorientados, os consumidores consideram as poucas informações fornecidas nas embalagens e acabam optando pelas opções mais econômicas, sem pesquisar melhor sobre as marcas e agricultores.
Com isso, aumenta o número de empresas que oferecem alimentos genéricos e usam do selo ‘made in Italy’ para chamar a atenção dos consumidores, quando na realidade não têm nenhum cuidado com os produtos ofertados, que muitas vezes nem são produzidos de fato na Itália.
“Precisamos urgentemente estabelecer um padrão de informações imposto em lei para que todas as empresas sejam íntegras e transparentes quando o cultivo dos alimentos”, sugeriu Gaetano Pascale, presidente da organização Slow Food Italia durante o evento.
A intenção é que com a normatização das etiquetas informativas, as pessoas saibam que, mesmo que um produto custe um pouco mais, é verdadeiramente saudável e bem cultivado, a fim de modificar a problemática atual, na qual se preza o preço, sem considerar os fatores saudáveis. É um dinheiro que se economiza hoje, mas que será gasto em dobro – ou até mais – lá na frente, para remediar doenças e problemas de saúde.
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