Grande parte de vocês cresceu ouvindo dos pais que comer espinafre “deixa bem forte igual ao Popeye”, não é verdade?

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Popeye, um dos ícones da cultura pop, tinha como booster de sua força o espinafre que, segundo estudos e enciclopédias medicinais do século XIX, possuía uma quantidade de ferro 10 vezes maior por grama que qualquer outro alimento.

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No livro “Half Life in Facts” o autor Samuel Arbesman aborda o questionamento: por que tudo o que nós sabemos tem data de expiração?

Imagem: Comer Bem

Em uma de suas abordagens, está o espinafre: “Popeye, o marinheiro de sotaque estranho e antebraços invejáveis usa o espinafre para efeitos especiais de força. Uma espécie de anti-kryptonita. Mas por que Popeye come muito espinafre? Qual o motivo de sua obsessão por esse alimento?

A verdade começa mais de 50 anos antes da estreia do primeiro episódio do desenho animado. De volta em 1870, Erich von Wolf, um médico e químico alemão, analisou a quantidade de ferro presente no espinafre e em outros legumes verdes.

Ao registrar suas descobertas, ooops! von Lobo, acidentalmente perdeu um ponto decimal ao transcrever os dados para seu caderno de anotações e alterou o teor de ferro no espinafre por uma ordem de magnitude estrondosa!

Embora exista apenas 3,5 miligramas de ferro em uma porção de 100 gramas de espinafre, o fato consumado por Erich von Wolf transformou o teor nutritivo em 35 miligramas. Para colocar isso em perspectiva, seria como comer um pedacinho minúsculo de um pedaço de papel.

Uma vez que este número incorreto foi impresso, o valor nutricional do espinafre tornou-se lendário. Então, quando Popeye foi criado em 1929, os responsáveis no estúdio recomendaram que o personagem comesse espinafre por sua força e por suas propriedades super benéficas à saúde.”

Aparentemente, o personagem ajudou a aumentar o consumo de espinafre nos Estados Unidos em mais de um terço. E claro, algumas marcas investiram em produtos não perecíveis com a cara do personagem estampada na lata!

Este erro foi corrigido, finalmente, em 1937, quando um grupo de cientistas decidiu rever os números nutritivos dos alimentos. Mas, a notícia já estava disseminada e o espinafre já era um dos alimentos mais consumidos por um viral errôneo de 1800 e bolinha. Com a II Guerra Mundial, a notícia demorou um pouco para se espalhar.

Em 1981, veja você o intervalo de tempo – o British Medical Journal publicou um artigo sobre este incidente, fazendo de tudo para, finalmente, desmascarar a superpotência do espinafre.

Nos anos 90 a investigação refinou e estudiosos descobriram que poucos dias após a colheita, o espinafre – como muitos de outros alimentos – perde nutrientes e deve ser consumidos o quanto antes, aproveitando sempre, a água de cozimento para que não se perca nada do seu valor nutritivo.

Imagem: Paulo Rocker

Em última análise, uma “verdade” que se espalha tem que evocar um espírito de questionamento, de curiosidade, de análise. Em pleno anos 10, a verdade absoluta da vírgula por acidente, ainda faz com que marcas gerem produtos com a figura do personagem. Sem aprofundar este assunto, continuem adorando o Popeye, comendo espinafre, e à partir de agora, passando pra frente uma verdade conveniente.

No mais, salve, salve Popeye!

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