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Sete alimentos ameaçados de extinção
por Redação
Segundo a Slow Food, mais de mil ingredientes utilizados na culinária mundial estão em perigo de extinção. Destes, cerca de 24 são brasileiros, como o guaraná, a palmeira-juçara e o pinhão.
Você imagina os alimentos ameaçadas de extinção?
A Slow Food é uma associação internacional sem fins lucrativos fundada em 1986 por Carlos Petrini que tem como princípio básico o direito do prazer da alimentação, utilizando produtos artesanais de qualidade especial, produzidos de forma que respeite tanto o meio ambiente quanto as pessoas responsáveis pela produção – os produtores.
Com escritórios na Itália, Alemanha, Suíça, Estados Unidos, França, Japão e Reino Unido, o Slow Food é composto por mais de 100 mil membros e apoiadores em 150 países.
A fim de unir consciência e responsabilidade com prazer e alimentação, o Slow Food tornou-se voz ativa na agricultura e ecologia através dos seus conhecimentos gastronômicos relacionados à política, agricultura e o meio ambiente.
Os alimentos que estão na lista de extinção pertencem à Arca do Gosto – um programa da Fundação Slow Food que visa preservar a biodiversidade, história e cultura dos produtos que, aos poucos, estão sumindo do planeta, além de identificar e divulgar sabores esquecidos.
Atualmente, a lista conta com mais de 1000 alimentos em perigo de extinção originários em mais de 70 países. Todos eles conservam as formas tradicionais de cultivo ou extração.
A seguir, 7 alimentos brasileiros que correm sério risco de extinção.
:: Arroz-vermelho ::
Foi a primeira variedade de arroz cultivada aqui no Brasil. Inicialmente na Bahia, ainda no século XVI, e, depois, por volta de 1620, introduzido pelos açorianos no Maranhão. Nas várzeas de São Luis, o arroz-vermelho encontrou terra fértil e desenvolveu-se transformando o Nordeste no maior produtor deste cereal no império português.
No século XVIII este cenário muda: os portugueses decidem importar do sul dos Estados Unidos sementes de arroz-da-carolina – melhor, mais produtivo, mais branco e mais rentável – e o arroz-vermelho começa a desaparecer, praticamente, nas mesas de todo o país.
Mas, com a responsabilidade de manter a cultura, a história e o próprio alimento, ainda existem três vales no Brasil que conservam o arroz-vermelho: dois ficam na Paraíba e um no Rio Grande do Norte.
:: Pinhão ::
Sim! o pinhão está em extinção. Se pararmos para observar, é possível perceber a escassez quando não nos deparamos mais com tanta frequência com o leguminoso nem nas festas juninas.
O motivo é que, na década de 70, as araucárias atingiram seu ponto de saturação no aproveitamento da madeira. Cerca de 100 milhões de pinheiros nativos viraram toras nas serrarias do Sul e Sudeste do país. Dos 185 mil quilômetros quadrados de floresta de araucária, restam apenas 2%! É o ecossistema mais destruído do Brasil.
:: Berbigão ::
Em Florianópolis, vôngole é chamado de Berbigão há pelo menos 250 anos, desde que os primeiros açorianos chegaram por lá e deram-lhe nome lusitano.
Colhidos à mão por dezenas de famílias que fazem do molusco seu único sustento, o vôngole que chega em São Paulo é quase todo de Florianópolis. No Brasil não há berbigão de cativeiro e seu método de cultivo é totalmente artesanal.
A única tecnologia utilizada é chamada “gancho”, uma espécie de gaiola de ferro acoplada a um ancinho e presa em um cabo de madeira. Os pescadores vestem este gancho nas mãos e conseguem, numa única puxada, desenterrar cerca de quase 30 quilos de berbigão.
No entanto, o vôngole está seriamente ameaçado de extinção pela demanda enorme que tem para abastecer estabelecimentos no Brasil todo.
:: Castanha de Baru ::
A pioneira na exploração comercial da castanha de baru foi Pirenópolis, em Goiás. Com sabor bem parecido com amendoim e um pouquinho com castanha de caju, a castanha de baru, nativa do cerrado, também sofre com a exploração da madeira do baruzeiro e com a expansão de pastos e monoculturas.
:: Pirarucu ::
O pirarucu é um dos maiores peixes de água doce e fluvial do Brasil. Mais facilmente encontrado em áreas de várzea, onde a água é mais calma, o peixão pode chegar a medir 3 metros e pesar cerca de 200 quilos.
Apesar do tamanho, o pirarucu tornou-se uma das vítimas da pesca predatória na Amazônia. Para fazer o possível para mudar o cenário, pescadores de Silves criaram uma das primeiras áreas de manejo sustentável deste peixe no Brasil.
A associação é financeiramente independente e ativou vários projetos para proteger o as espécies nativas de peixes com a ajuda e consultoria de especialistas e pesquisadores trabalhando com as comunidades.
:: Palmeira-juçara ::
Nativa da Mata Atlântica, seus frutos servem de alimento para mais de 70 espécies de animais e, por mais de 50 anos, serviu a indústria de palmito em conserva. Com apenas três golpes de machado e menos de cinco minutos, uma palmeira de juçara de dez anos se extingue.
Diferente da palmeira de pupunha ou açaí, cada caule cortado de juçara é uma a menos na mata. Sua vida se limitará a apenas um pote de palmito que será devorado na mesmo velocidade que sua “morte” – ou até mais rápido.
:: Guaraná-nativo ::
Na língua indígena significa “o início de todo o conhecimento”. Cultivado há centenas de anos na Amazônia Brasileira, o guaraná ainda tem hoje como principais e maiores produtores os índios sateré-mawé, do Medio Amazonas, que fabricam bastões com as sementes torradas, de onde é extraído o pó de guaraná.
Para garantir não só a sobrevivência da espécie, que corre o risco de empobrecer radicalmente do ponto de vista genético, a ação Fortaleza, do projeto Slow Food protege a cultura e as pessoas que descobriram virtudes e criaram técnicas adequadas de plantio do guaraná.
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