Curiosidade
10 fatos notáveis sobre René Magritte
por Valéria Scavone
The Son of Man, obra clássica de René Magritte, foi a inspiração que tivemos, com muita honra, para consistir a imagem e toda a história do Comendo com os Olhos no universo online.
Nascido na Bélgica, em 1898, Magritte foi (e continua sendo) um dos principais artistas surrealistas. E para firmarmos uma homenagem à René Magritte, vamos compartilhar com vocês 10 curiosidades sobre ele que talvez você ainda não saiba. Confira:
1. O suicídio de sua mãe desempenhou um papel fundamental em seu trabalho inicial
René François Ghislain Magritte nasceu em Lessines, Bélgica, o mais velho dos três irmãos. Sua primeira infância, relativamente sem intercorrências, deu uma guinada trágica quando sua mãe, que lutava muito com sua saúde mental, cometeu suicídio afogando-se em um rio próximo à sua casa. Na história, o então Magritte de 14 anos de idade, estava presente quando ela foi retirada da água, momento em que seu vestido flutuou até cobrir seu rosto. Este simbolismo pungente recorreu no trabalho do artista nos anos que se seguiram.
2. Ele foi experiente na criação de falsificações
Em 1916, Magritte saiu de casa e foi para Bruxelas passar dois anos estudando na Académie Royale des Beaux-Arts, onde ele foi exposto a exemplos seminais de cubismo e futurismo. No entanto, sua carreira artística, não começou imediatamente. Ao invés disso, ele passou um tempo trabalhando em uma empresa de papel produzindo cartazes publicitários – atividades estéticas e comerciais que, sem dúvida, influenciaram sua produção mais tarde.
Em um sub-texto escandaloso, ao lado de sua linha profissional de trabalho, acredita-se que Magritte tenha criado falsificações de peças de Picasso, Titan, Ernst e Chirico – bem como, reproduziu também, suas próprias obras, prática considerada por alguns críticos como uma “estratégia subversiva contra sua própria obra oficial”.
Sua tendência falsificadora beneficiaria ele mesmo a longo prazo. Porém, durante a Segunda Guerra Mundial, houve rumores que, entre 1940 e 1944, quando aconteceu a ocupação alemã na Bélgica, Magritte forjou notas para criar um meio de sobrevivência em meio à pobreza.
3. Sua primeira exposição oficial, foi uma falha crítica
Juntamente com outros artistas, como, Paul Nougé, Camille Goemans e Louis Scutenaire, Magritte foi rapidamente absorvido pelo crescente movimento surrealista da Bélgica. Mas sua primeira exposição oficial, em Bruxelas (1927), foi mal recebida pela crítica.
Esse feedback negativo fez com que Magritte ficasse frustrado e mudasse para Paris, onde se encontrou com André Breton, poeta e teórico surrealista, e outros contemporâneos da literatura e da música, participando da criação de um manifesto intitulado Surrealism in Full Sunlight. Depois de 3 anos, retornou à Bélgica para encontrar o sucesso financeiro. Já no início dos anos 1930, a venda de seus trabalhos começavam a ganhar força.
4. Ele deleitava-se em manter seus críticos aos seus pés
Magritte poderia ter encontrado seu nicho no surrealismo, mas isso não significava que sua curiosidade por outras formas se afrouxasse. Ele encontrou grande prazer em conversar com outros gêneros, passando um tempo experimentando o impressionismo – aparentemente, tanto para confundir seus críticos, como qualquer outra coisa.
O mais curioso de tudo, foi sua brincadeira com um estilo que ele chamou de Vache (ou Vaca) – um momento extremamente inspiracional que usou cores impetuosas e formas simplificadas. As obras foram, deliberadamente, “esquecidas” afim de removê-las da progressão geral de seus outros trabalhos. Mais tarde, Magritte se referiu à essas peças como tendo sido feitas “em seu período condenado”.
5. Uma vez, ele empregou um amigo para distrair sua esposa, enquanto tinha um caso com outra mulher
O grande amor de Magritte, uma mulher chamada Georgette Berger, teve um papel fundamental em sua vida desde que se conheceram, quando ele tinha 15 anos de idade, até suas respectivas mortes. Eles se casaram em 1922, mas por ter sido malicioso tanto em sua vida romântica quanto em sua vida artística, Magritte começou um caso com Sheila Legg, uma jovem artista.
Foi quando solicitou ao seu amigo Paul Colinet que distraísso sua esposa. Sem surpresa, essa “distração” também culminou em um caso, até que Georgette descobriu e pediu separação. Ainda assim, por amor maior, Magritte e Georgette se reconciliaram e permaneceram juntos até o resto de suas vidas.
6. Suas obras mais famosas foram auto-retratos
Ostensivamente, The Son of Man (1964), sua obra mais famosa que retrata o rosto de um homem com chapéu coco obscurecido por uma maçã pairando, foi pintado como auto-retrato. “Pelo menos esconde o rosto em parte“, disse uma vez Magritte.
“Bem, então você tem no rosto aparente, a maçã, escondendo o visível, mas escondendo o rosto da pessoa. Isso é algo que acontece constantemente.Tudo o que nós vemos escondido atrás de outra coisa, nós queremos saber o que está escondido. Há um interesse naquilo que está oculto e que o visível não mostra. Isso pode assumir a forma de um sentimento bem intenso, uma espécie de conflito, poderíamos dizer, entre o visível que está oculto, e o visível que está presente“.
Este conflito entre o visível e o que oculta, desempenhou um papel vital no trabalho de Magritte ao longo de sua vida artística.
7. Ele era um fotógrafo amador afiado e, também, cineasta
Junto com suas atividades profissionais, Magritte, frequentemente, adorava experimentar a fotografia em seu tempo livre e de lazer. Embora suas fotos nunca fossem consideradas com a mesma reverência que suas pinturas, elas tinham um papel a desempenhar em seus trabalhos posteriores: inspiração.
Entretanto, talvez o mais interessante, tenha sido seu interesse pelo cinema. Muitas vezes, Magritte apareceu em filmes caseiros agindo fora dos cenários com um elenco, montando às pressas os personagens.
8. Para Magritte, o jogo de palavras era tão importante quanto as imagens
Toma La Trahison des Images (A Traição das Imagens), é uma das suas pinturas mais icônicas. O texto na tela afirma: “Ceci n´est pas une pipe” (Isto não é um cachimbo), uma declaração contraditória compensada pela explicação maravilhosamente pragmática do artista: não é um cachimbo, mas sim, a imagem de um.
“Ser surrealista significa impedir sua mente de todas as lembranças que já viste, e estar sempre à procura do que nunca foi“, disse ele um dia, em um jeito revolucionário de pensar.
9. Seu trabalho tornou-se demasiado famoso para ser roubado
A maior vantagem de alcançar o sucesso público? Desde que Magritte faleceu, em 1967, suas obras tornaram-se tão reconhecíveis que nem sequer podem ser roubadas, como tentou um grupo de ladrões em 2009. Eles roubaram Olympia, obra de Magritte de 1948 avaliada em mais de 3,5 milhões de libras. Mas não conseguiram vender no mercado negro porque, possíveis compradores alegaram que a obra era reconhecível demais para possuí-la. Três anos mais tarde, Olympia foi devolvida ao Magritte Museum em excelente estado.
10. Até hoje, sua influência continua a ressoar através do mundo da arte
Além de criar motivos visuais que recorrem à cultura contemporânea, o impacto de Magritte no mundo da arte, principalmente em seu fascínio em dotar objetos com novos significados, removendo-os de seus contextos comuns (mesmo que esse universo seja repleto de chapéus como artifícios, cachimbos, maçãs e similares) – tudo se transformou em uma homenagem assinada ao artista.
O pop, o minimalismo, a arte conceitual e outros mais, devem ao artista uma dívida considerável por essa marca – um fato que, certamente, deixaria Magritte encantado.
| via AnOther
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